TOKEN2049 remove a stablecoin A7A5 sancionada pelos EUA da lista de patrocinadores

A TOKEN2049 removeu todas as referências à stablecoin A7A5 de seu site e da lista de palestrantes após uma investigação da Reuters. A rápida remoção do patrocinador platinum, alvo de sanções dos EUA, revelou a postura reativa do evento diante de um grande escândalo de conformidade.

Em 3 de outubro, a Reuters informou que os organizadores da TOKEN2049, após serem contatados para comentar, eliminaram todos os vestígios da stablecoin A7A5, um token sancionado pelos EUA e Reino Unido por supostamente ajudar a Rússia a evitar penalidades financeiras.

A remoção incluiu a exclusão da A7A5 da lista de patrocinadores platinum e o cancelamento de uma aparição programada no palco por seu diretor, Oleg Ogienko, que estava presente no evento em Singapura.

De acordo com a reportagem, Ogienko confirmou à equipe da Reuters, nos bastidores, que sua operação era a mesma entidade alvo das sanções ocidentais, afirmando que eles “regularmente solicitaram” e receberam o patrocínio.

Por que a stablecoin A7A5 foi alvo de sanções ocidentais

A atenção em torno da A7A5 não é casual. Em agosto, os EUA e o Reino Unido sancionaram empresas ligadas ao lançamento da stablecoin, alegando que o token fazia parte de uma rede mais ampla projetada para ajudar a Rússia a contornar restrições financeiras impostas após a invasão em grande escala da Ucrânia. A stablecoin, atrelada ao rublo e lançada em janeiro, foi criada para estabelecer um canal de pagamentos fora do alcance dos bancos ocidentais.

Segundo uma análise detalhada da empresa de análise blockchain Elliptic, o arquiteto da stablecoin A7A5 é o grupo A7, uma operação baseada na Rússia fundada por Ilan Shor, um oligarca moldavo sancionado e aliado do Kremlin. Os vazamentos revelam que não se trata de uma startup desonesta, mas de uma entidade formalizada parcialmente de propriedade do Promsvyazbank, banco estatal russo também sancionado por financiar a indústria de defesa da Rússia.

A escala do token rapidamente cresceu para corresponder ao seu peso político. A Elliptic relata que atualmente existem 41,6 bilhões de tokens A7A5 em circulação, avaliados em quase meio bilhão de dólares.

Mais revelador, porém, é o enorme volume de valor movimentado. Desde seu lançamento em janeiro, a stablecoin teria movimentado impressionantes US$ 70,8 bilhões em transações, um número que ilustra sua rápida adoção como ferramenta para liquidações transfronteiriças.

Para construir a liquidez necessária para esse ecossistema, os arquitetos da A7A5 aproveitaram o próprio sistema que buscavam contornar. Conversas internas vazadas de abril de 2025 mostram funcionários da A7 discutindo uma campanha coordenada de market making, na qual carteiras da A7 enviaram pelo menos US$ 2 bilhões em USDT para várias exchanges para comprar sistematicamente A7A5, criando um mercado profundo e líquido isolado das finanças tradicionais.

Ogienko defende a stablecoin A7A5

Nos bastidores da TOKEN2049, o executivo da A7A5, Oleg Ogienko, defendeu o projeto como uma ferramenta legítima de pagamentos. Ele insistiu que não tinha “nada a ver com lavagem de dinheiro” e estava em conformidade com o marco regulatório do Quirguistão.

Ele descreveu seu uso principal como facilitador de pagamentos transfronteiriços para empresas russas e seus parceiros comerciais, observando que a adoção era mais forte na Ásia, África e América Latina. Em suas palavras, “muitos deles usam nossa stablecoin... e isso representa bilhões de dólares.”