BCE afirma que os riscos das stablecoins na zona euro permanecem baixos apesar do crescimento do mercado

Resumo Rápido 

• Relatório do BCE aponta que a adoção de stablecoins na zona euro permanece baixa e está principalmente ligada à negociação de criptoativos.
• Stablecoins atreladas ao dólar dominam globalmente, mas têm ligações limitadas com os mercados financeiros do euro.
• Regulamentações MiCA da UE devem limitar riscos e evitar arbitragem regulatória transfronteiriça.

BCE: riscos das stablecoins são limitados, já que uso permanece focado em negociações de criptoativos

O Banco Central Europeu (BCE) minimizou preocupações sobre ameaças relacionadas a stablecoins ao sistema financeiro europeu, afirmando que sua adoção limitada fora dos mercados de criptoativos mantém os riscos contidos por enquanto.

Source: BCE

Em uma prévia de sua mais recente revisão de estabilidade financeira publicada nesta segunda-feira, os analistas do BCE Senne Aerts, Claudia Lambert e Elisa Reinhold explicaram que as stablecoins — tokens digitais atrelados a moedas fiduciárias ou commodities — ainda são usadas principalmente dentro do ecossistema cripto, e não na economia em geral.

Negociação de criptoativos ainda é o principal motor da demanda por stablecoins

O relatório identifica a negociação de criptoativos como o principal caso de uso das stablecoins, apesar de anos de alegações de que poderiam revolucionar os pagamentos. Segundo o BCE, outras aplicações, incluindo pagamentos transfronteiriços, tiveram pouca adesão.

O banco citou pesquisa do FMI mostrando que, embora muitos fluxos de stablecoins atravessem fronteiras, não há evidências de que essas transações estejam significativamente ligadas a remessas. A adoção no varejo é ainda menor: a Visa estima que apenas cerca de 0,5% da atividade com stablecoins envolve pequenos pagamentos orgânicos abaixo de $250.

Stablecoins em dólar dominam, mas exposição da UE é limitada

Embora stablecoins denominadas em dólar, como USDT da Tether e USDC da Circle, controlem cerca de 84% do mercado global, seus vínculos com o sistema financeiro da zona euro permanecem “limitados”, observou o relatório. Essa falta de integração reduz a probabilidade de riscos de contágio, mesmo com a expansão do mercado.

O BCE também destacou a vantagem regulatória da Europa. O MiCA, principal regulamentação cripto da UE, inclui medidas como a proibição de pagamentos de juros sobre holdings de stablecoins, o que, segundo o banco, ajudará a conter comportamentos de risco.

Mudança de política antes do Euro digital

O relatório marca uma mudança de tom em relação a comentários anteriores do BCE sugerindo que stablecoins dos EUA ameaçam a soberania monetária da Europa. Altos funcionários, incluindo o membro do conselho executivo Piero Cipollone, já argumentaram que tokens lastreados em dólar poderiam enfraquecer os sistemas de pagamento da UE.

Agora, o BCE parece mais confiante em seu arcabouço regulatório enquanto avança com sua própria moeda digital de banco central (CBDC). O euro digital está previsto para iniciar testes-piloto em 2027, com a primeira emissão possível programada para 2029.

 

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