Lançamento do novo multisig nativo da Ledger gera críticas sobre modelo de taxas "cash cow"

O novo recurso multisig nativo da Ledger gerou reações mistas entre desenvolvedores e usuários antigos, muitos dos quais receberam a novidade positivamente, mas questionaram a decisão da empresa de introduzir taxas por transação.

O recurso foi lançado na quinta-feira juntamente com o dispositivo Nano Gen5 e o novo aplicativo Ledger Wallet, que substitui o Ledger Live. O lançamento marca o primeiro sistema de coordenação interno da Ledger, permitindo que múltiplos signatários verifiquem transações através do backend da empresa, em vez de ferramentas de terceiros como Specter ou Sparrow.

Muitos membros da comunidade de desenvolvedores e segurança criticaram a empresa por anexar uma taxa fixa de US$10 para transferências padrão e uma taxa de 0,05% em transações de tokens ERC-20, além dos custos normais de gas da rede.

Para aumentar a confusão, o CTO da Ledger, Charles Guillemet, publicou na quinta-feira no X que “a melhor parte” da atualização era que “Ledger Multisig é gratuito. Sem custo extra. Sem complexidade.” No dia seguinte, ele esclareceu a declaração, escrevendo: “Há um erro de digitação no tweet. Multisig é um serviço pago, como indicado na documentação e anunciado durante o Ledger Op3n.” 

Guillemet acrescentou que as taxas refletem o custo de manutenção da infraestrutura e das auditorias necessárias para suportar as camadas adicionais de segurança do serviço.

O pesquisador de segurança e desenvolvedor "pcaversaccio", um dos principais construtores da rede de resposta de segurança cripto SEAL-911, disse que o modelo corre o risco de transformar usuários de multisig em uma fonte de receita corporativa, chamando-o de uma tática de “vaca leiteira” que contradiz as raízes cypherpunk da Ledger em um tweet na sexta-feira.

"Sarnavo", um desenvolvedor do projeto Team1 do ecossistema Avalanche, ecoou esse sentimento em uma postagem separada, escrevendo que, embora a assinatura clara — que permite aos usuários revisar detalhes legíveis da transação antes de aprová-los — melhore a segurança, “esse mesmo recurso de confiança agora está sendo transformado em um paywall.” Ele observou que a interface da Ledger é de código fechado, deixando os usuários incapazes de verificar como os dados são movimentados durante a assinatura, e que o serviço de transação não divulgado da empresa para coordenação de assinaturas levanta preocupações sobre transparência.

“Segurança não deveria ser monetizada por transação”, escreveu ele.

O novo recurso multisig da Ledger também não é suportado no Nano S original, que já foi o carro-chefe da empresa e a carteira mais amplamente utilizada. Milhões de usuários ainda dependem do modelo, que por muito tempo foi comercializado como a porta de entrada acessível para a autocustódia. Mas como o Nano S não possui memória suficiente para suportar assinatura clara ou o novo sistema de coordenação da Ledger, muitos usuários antigos se sentem deixados para trás — uma frustração que pcaversaccio resumiu dizendo que os proprietários do Nano S estão “basicamente censurados.”

O The Block entrou em contato com a Ledger para comentar, mas não recebeu uma resposta imediatamente.