Grayscale formaliza seu pedido de IPO

No universo cripto, a Grayscale não apenas segue a onda, ela a molda. A gestora de ativos de Nova York, criadora do GBTC, tornou-se essencial sempre que se fala em finanças digitais. Combinando manobras jurídicas, estratégias de mercado e posicionamento ousado, acaba de protocolar seu pedido para abrir capital. O IPO está em andamento, a máquina Grayscale em modo de conquista. E não pretende parar por aí.

IPO da Grayscale: Quando os números caem, a estratégia acelera

O IPO da Grayscale, bem diferente de um ICO puramente cripto, parece ambicioso, mesmo que os números brilhem um pouco menos. Entre janeiro e setembro de 2025, a gestora de ativos viu suas receitas caírem 20%, para US$ 318,7 milhões. O lucro líquido caiu para US$ 203,3 milhões. No entanto, a empresa continua gerenciando US$ 35 bilhões em ativos cripto, uma performance que poucos podem reivindicar.

O modelo de IPO escolhido? Um clássico das finanças de tecnologia: a estrutura Up-C. O capital levantado não financiará a empresa diretamente, mas será usado para comprar ações internas. O controle permanece nas mãos da DCG, a empresa-mãe. O mercado paga, a DCG controla.

Somos um pioneiro que permitiu — e contribuiu para ampliar — o acesso dos investidores à classe de ativos que mais cresce na história recente... Nossa plataforma oferece aos investidores exposição diversificada ao universo de ativos digitais, baseada em taxas de administração, eficiência de capital e geração de fluxo de caixa.

Barry Silbert, presidente da Grayscale

A Grayscale aposta não apenas em números, mas em seu papel de liderança na indústria cripto.

A SEC, as eleições e os gigantes cripto: o tempo está correndo

A Grayscale não escolheu sua data por acaso. O pedido foi tornado público no dia da reabertura da SEC, após 43 dias de paralisação. Uma janela política e regulatória finalmente se abriu.

Esse movimento estratégico permite que a Grayscale aja antes das eleições de meio de mandato de 2026, quando os equilíbrios pró-cripto podem mudar. O analista Matt Kennedy resume assim:

As eleições de meio de mandato de 2026 estão se aproximando, e elas podem mudar fundamentalmente o cenário cripto. Espero que muitas empresas cripto, como Grayscale e BitGo, busquem abrir capital antes que essa incerteza se materialize.

A empresa também se beneficia de sua aura pós-vitória contra a SEC em 2023, uma batalha que abriu caminho para os ETFs de Bitcoin à vista. O IPO, portanto, não é apenas uma captação de recursos, é uma afirmação de existência em uma batalha de padrões.

DEX, cripto e Wall Street: convergência ou fachada?

O IPO da Grayscale se encaixa em um movimento maior. Em 2025, vários gigantes cripto deram esse passo: Gemini, Circle, Bullish. Todos buscam nova legitimidade no ambiente da bolsa.

Mas a Grayscale toca uma música diferente. Com seu Directed Share Program, uma parte das ações é reservada para seus clientes históricos (GBTC, ETHE). A comunidade cripto é priorizada, mas a abertura ao público permanece limitada.

Em um mundo onde as DEXs defendem a descentralização radical, a Grayscale representa outra visão: concentração, estratégia e influência. O mercado abre as portas para ela, mas as chaves permanecem nas mãos do criador.

O que lembrar

• Receitas caíram 20% em nove meses;
• Lucro líquido de US$ 203,3 milhões;
• US$ 35 bilhões em ativos sob gestão;
• Estrutura Up-C: controle mantido pela DCG;
• Meta do IPO: final de 2025 a início de 2026, segundo analistas.

A Grayscale atingiu um novo patamar, mas mantém vários processos em aberto. A SEC ainda precisa decidir sobre seus pedidos de ETF para XRP, Dogecoin e, mais recentemente, Avalanche. O gigante cripto segue agressivo, pronto para se alinhar às próximas tendências... ou para impô-las.