Projeto de lei sobre criptomoedas na Polônia é paralisado após Parlamento manter veto presidencial

O parlamento da Polônia não conseguiu, nesta sexta-feira, derrubar o veto do presidente Karol Nawrocki a um projeto de lei destinado a endurecer as regras para criptomoedas. O resultado bloqueou o plano do primeiro-ministro Donald Tusk de expandir a supervisão e deixou o país sem um caminho claro a seguir. Agora, os legisladores precisam reconsiderar como alinhar-se aos padrões da União Europeia, evitando ao mesmo tempo pressão excessiva sobre as empresas locais.

Tusk cita ameaças de inteligência estrangeira enquanto projeto de ativos digitais enfrenta resistência

Tusk pressionou os legisladores a apoiarem uma fiscalização mais rigorosa dos ativos digitais, argumentando que serviços de inteligência estrangeiros recorrem cada vez mais a plataformas de criptomoedas para atividades encobertas. Sua posição não obteve apoio suficiente, já que partidos de direita e a presidência se opuseram a medidas consideradas excessivas.

Ele descreveu o resultado como uma escolha entre proteger os interesses nacionais e deixar os reguladores com capacidade limitada de responder a interferências. Vários legisladores rejeitaram essa abordagem, classificando-a como pressão política em vez de uma análise equilibrada do projeto. 

De acordo com uma reportagem da Reuters, Tusk disse ao parlamento que o Estado precisa de ferramentas de supervisão atualizadas para acompanhar o crescimento dos mercados de criptomoedas.

O presidente Nawrocki teve uma visão diferente após bloquear o Cryptoasset Market Act. Em uma atualização publicada em seu site na segunda-feira, ele afirmou que partes do projeto ameaçavam a liberdade pessoal, colocavam propriedades em risco e enfraqueciam a estabilidade do país.

Ele alertou que certos poderes concedidos aos reguladores — incluindo a capacidade de fechar sites de empresas com supervisão mínima — poderiam ser mal utilizados e careciam de salvaguardas adequadas.

Regras rígidas polonesas podem levar startups de criptomoedas ao exterior, alertam críticos

O Markets in Crypto-Assets Regulation (MiCA) da União Europeia serviu de base para a proposta da Polônia. Mesmo assim, Nawrocki argumentou que a Polônia adicionou exigências muito mais rigorosas do que as encontradas em outros Estados-membros. Ele alertou que empresas podem transferir operações para a Tchéquia ou Eslováquia, onde as regras domésticas são mais curtas, simples e fáceis de cumprir.

As preocupações levantadas pelo presidente e outros críticos incluem:

• Regras de bloqueio de sites sem supervisão clara.
• Taxas regulatórias que favorecem grandes empresas em detrimento de startups.
• Processos de licenciamento demorados e que geram pressão indevida.
• Poderes de fiscalização com transparência limitada.
• Exigências de conformidade que provavelmente levarão empresas ao exterior.

Autoridades alinhadas à presidência argumentaram que o projeto enfraqueceria o setor de criptomoedas da Polônia e levaria investimentos para países vizinhos. Nawrocki defendeu que as empresas devem permanecer na Polônia, competir em condições justas e contribuir para a economia, em vez de enfrentar barreiras excessivas.

Zbigniew Bogucki, chefe da chancelaria do presidente, rejeitou alegações de que se opor ao projeto alinharia legisladores a atores estrangeiros hostis. 

Subir a esta tribuna e dizer: ‘Ou você vota pela máfia russa ou vota pelo meu projeto’ é apresentar uma falsa escolha e você sabe disso perfeitamente bem.

Zbigniew Bogucki

Chamando a comparação de falsa, ele pediu ao governo que cooperasse com o palácio presidencial em um novo projeto que atenda às obrigações da União Europeia sem impor encargos excessivos ao setor.

Autoridades de segurança já relataram anteriormente que Moscou usou criptomoedas para financiar tentativas de sabotagem na região, uma alegação negada pela Rússia. Vários Estados da União Europeia também registraram um aumento em ataques cibernéticos e incursões de drones neste ano, aumentando a pressão sobre os governos para atualizarem suas medidas de segurança digital.