4 catalisadores que podem impulsionar o Bitcoin

O Bitcoin caiu mais de 22% em um mês, lançando dúvidas sobre o seu ímpeto. No entanto, por trás deste recuo, vários sinais convergem para um possível retorno ao limiar simbólico de $112.000. Enquanto os mercados estão agitados, investidores institucionais e de varejo observam quatro fatores-chave que podem reacender a tendência de alta. Num contexto de incerteza macroeconómica e tensão nos mercados de derivados, o cenário de uma recuperação já não pode ser descartado.

Os quatro motores de uma potencial recuperação

Enquanto o principal ativo ultrapassa os $86.000 apesar de um dólar forte, o retorno do Bitcoin para além dos $112.000 poderá depender principalmente das dinâmicas inflacionárias globais e de possíveis mudanças na política monetária dos EUA.

Um indicador-chave citado na análise é o iShares TIPS ETF, que acompanha obrigações do Tesouro dos EUA indexadas à inflação. Este ativo retomou a sua trajetória ascendente após testar um suporte técnico nos 110,50.

Quatro fatores podem dar novo impulso ao Bitcoin. Estes motores são de natureza macroeconómica, técnica e estrutural:

• Taxas de juro e política monetária: a Federal Reserve mantendo as taxas de referência acima de 3,5% até 2026, antecipado pelos mercados em 78%, contribui para um ambiente de taxas reais baixas que pode favorecer a adoção de ativos alternativos como o Bitcoin;

• Inflação e mercado de obrigações: o iShares TIPS Bond ETF, que reflete expectativas de inflação, mostra uma recuperação. Isto pode sinalizar um ambiente favorável à subida de ativos de risco;

• Convergência com mercados tradicionais: a potencial inclusão de empresas expostas ao Bitcoin em índices acionistas mais amplos, especialmente através de ajustes do MSCI, pode abrir caminho para maiores investimentos institucionais;

• Assimetria nos mercados de derivados: o mercado de opções mostra um forte desequilíbrio a favor das opções de venda, o que Julius Baer chama de “excesso de proteção baixista”. Corrigir esta assimetria pode desencadear um movimento de alta, especialmente à medida que se aproxima o vencimento de dezembro.

Estes sinais, embora ainda incertos, revelam uma dinâmica favorável caso os quatro fatores convirjam.

Cenário de alta travado pela cautela do mercado

Para além das considerações macroeconómicas, desenvolvimentos internos no ecossistema do Bitcoin também podem desempenhar um papel decisivo na dinâmica dos preços.

Uma grande incerteza diz respeito à posição do MSCI, um dos índices mais acompanhados por fundos passivos globais. Em outubro, o MSCI lançou uma consulta entre investidores sobre a possibilidade de excluir dos seus índices algumas empresas fortemente expostas ao Bitcoin, nomeadamente a Strategy (MSTR).

Esta decisão, esperada para 15 de janeiro de 2026, pode impactar quase $9 bilhões de exposição passiva. Michael Saylor, fundador e presidente executivo da MSTR, reagiu afirmando: “A Strategy não é um fundo, nem um trust, nem uma holding. Somos uma empresa cotada em bolsa com $500 milhões em atividade de software e uma estratégia de caixa única”.

Entretanto, o mercado de derivados sinaliza uma clara falta de confiança dos traders. Assim, as opções de venda sobre BTC atualmente negociam com um prémio de 10% em relação às opções de compra equivalentes.

Este desequilíbrio é interpretado como uma pressão persistente sobre o sentimento do mercado. Um alívio deste desequilíbrio para um prémio de 5% ou menos seria necessário para considerar um retorno do otimismo. Soma-se a isto o vencimento iminente de $22,6 bilhões em opções de BTC agendado para 26 de dezembro, um evento que pode provocar volatilidade significativa ou servir de catalisador para uma nova fase de acumulação.

O preço do Bitcoin oscila entre a incerteza macroeconómica e as esperanças de uma recuperação técnica. Embora os sinais permaneçam mistos, as próximas semanas serão decisivas para avaliar a solidez de uma potencial recuperação para $112.000. A cautela continua a ser recomendada em todo o mercado.